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terça-feira, 7 de setembro de 2010

supostamente de João Ubaldo Ribeiro

João 
      Ubaldo
                 Ribeiro




"Precisa-se  de Matéria Prima 
para  construir um País" 




A  crença geral anterior  era que Collor não  servia, bem como Itamar  e Fernando Henrique.
Agora  dizemos que 
Lula  não serve.




 E o que vier depois
de  Lula também 
não  servirá para
nada... 




Por  isso estou começando  a 
suspeitar  que o problema 
não  está no ladrão corrupto
que  foi Collor, ou na  farsa 
que  é o Lula. 




O  problema está em nós. 

Nós  como POVO.
Nós  como matéria prima  de um país. 
Porque  pertenço a um país  onde a
                     "ESPERTEZA“
  é a moeda que sempre é valorizada,
  tanto ou mais do que o dólar.




 Um país onde ficar rico da noite
para  o dia é uma virtude  mais apreciada
  do que formar uma família, baseada em
valores  e respeito aos demais. 
 Pertenço a um país onde, lamentavelmente,
os  jornais jamais poderão  ser vendidos como 
em  outros países, isto  é, pondo umas caixas
  nas calçadas onde se paga por um só jornal
  E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO
                    OS DEMAIS ONDE ESTÃO.




             Pertenço ao país onde as
"EMPRESAS  PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos...
E  para eles mesmos. 




Pertenço  a um país onde  a gente se 
sente  o máximo porque conseguiu
"puxar"  a tevê a cabo  do vizinho, onde
a  gente frauda a declaração  de imposto 
de  renda para não pagar  ou pagar menos 
impostos.




Pertenço  a um país onde  a 
falta  de pontualidade é um  hábito. 
Onde  os diretores das empresas  não 
valorizam  o capital humano. 
Onde  há pouco interesse  pela ecologia, 
onde  as pessoas atiram lixo  nas ruas e
  depois reclamam do governo por não
  limpar os esgotos.




Onde  nossos  congressistas  trabalham
dois  dias por semana para  aprovar 
projetos  e leis  que só  servem para 
afundar  o que não tem,  encher o saco 
do  que tem pouco e   beneficiar só a alguns.
Pertenço  a um país onde  as carteiras
  de motorista e os certificados
  médicos podem ser "comprados",
          sem fazer nenhum exame.




Um  país onde uma pessoa  de idade 
avançada,  ou uma mulher com  uma
  criança nos braços, ou um inválido,
fica  em pé no ônibus,  enquanto a 
pessoa  que está sentada finge  que 
dorme  para não dar o  lugar. 




Um  país no qual a  prioridade 
de  passagem é para o  carro e
  não para o pedestre. Um país
onde  fazemos um monte de  coisa 
errada,  mas nos esbaldamos em 
criticar  nossos governantes. 




 Como "Matéria Prima"
de  um país, temos muitas 
coisas  boas, mas nos falta
  muito para sermos os
homens  e mulheres de que
  nosso País precisa.




            Esses defeitos, essa
"ESPERTEZA  BRASILEIRA" 
congênita,  essa desonestidade em 
pequena  escala, que depois cresce  e 
evolui  até converter-se em  casos de
escândalo,  essa falta de qualidade
  humana, mais do que Collor, Itamar,
Fernando  Henrique ou Lula, é  que 
é real e honestamente ruim, porque
todos  eles são brasileiros  como nós, 
ELEITOS  POR NÓS.




Nascidos  aqui, não em outra  parte...
Entristeço-me. 

 Porque, ainda que Lula renunciasse
  hoje mesmo, o próximo presidente
que  o suceder terá que  continuar 
trabalhando  com a mesma matéria
  prima defeituosa que, como povo,
somos  nós mesmos. 




E  não poderá fazer nada... 

Não  tenho nenhuma garantia  de que
  alguém o possa fazer melhor. Mas
enquanto  alguém não sinalizar  um 
caminho  destinado a erradicar  primeiro
  os vícios que temos como povo,
ninguém  servirá.




Nem  serviu Collor, nem serviu  Itamar,
  não serviu Fernando Henrique, e nem
serve  Lula, nem servirá o  que vier. 
Qual  é a alternativa? 
Precisamos  de mais um ditador,  para 
que  nos faça cumprir a  lei com a força  e 
por  meio do terror? 




Aqui  faz falta outra coisa. 

E  enquanto essa "outra  coisa" não comece 
a  surgir de baixo para  cima, ou de cima 
para  baixo, ou do centro  para os lados, ou
como  queiram, seguiremos igualmente 
condenados,  igualmente estancados... 
Igualmente  sacaneados! 




É muito gostoso ser brasileiro.
Mas  quando essa brasilinidade 
autóctone  começa a ser um  empecilho
às nossas possibilidades de
desenvolvimento  como Nação, aí a 
coisa  muda... 
Não  esperemos acender uma  vela 
a  todos os Santos, a  ver se nos 
             mandam um Messias.




Nós  temos que mudar! Um  novo
  governante com os mesmos
  brasileiros não poderá fazer nada..
Está  muito claro... 
Somos  nós os que temos  que mudar.




Agora,  depois desta mensagem, 
francamente  decidi procurar o 
responsável,  não para castigá-lo, 
senão  para exigir-lhe (sim,  exigir-lhe)
  que melhore seu comportamento e
que  não se faça de  surdo, de 
desentendido.




Sim,  decidi procurar o 
responsável  e 
ESTOU  SEGURO QUE 
O  ENCONTRAREI 
QUANDO
  ME OLHAR NO ESPELHO.

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